
Mês do Sagrado Coração de Jesus
Meditação – Mês do Sagrado Coração de Jesus – 10º dia
Santo Afonso Maria de Ligório
10 jun. 2025
Tempo de leitura: 8 minutos
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Vamos a Nazaré, ali acharemos o Coração de Jesus glorificando o Pai por sua obediência
Uma das principais virtudes do menino Deus é a obediência. O Espírito Santo nos ensina qual foi a submissão do Coração de Jesus. Tendo o Pai eterno designado a São José para ocupar seu lugar a respeito do seu divino Filho, Jesus o olhou sempre como seu pai; durante o espaço de trinta anos, prestou-lhe o respeito e obediência que um filho deve a seu pai. O Evangelho atesta que ele era submisso a Maria e a José, o que significa que, durante todo este tempo, a ocupação do Redentor foi obedecer-lhes; a José pertencia mandar como chefe desta pequena família, e a Jesus obedecer como súdito.
Jesus não dava um passo, não tomava nutrimento ou repouso, senão segundo as ordens de São José. Ele lhe obedecia em tudo e logo, como Deus se dignou revelar a Santa Brígida. Diz-se que Jesus era ocupado em preparar a comida, lavar as vasilhas, carregar água, varrer a casa.
Ó feliz casa de Nazaré, eu te saúdo e te venero: um tempo virá em que serás visitada pelas maiores personagens da terra, e quando os piedosos peregrinos se virem entre teus muros, não poderão conter lágrimas de enternecimento, pensando que o rei do céu passou ali toda a sua vida, obedecendo a Maria e a José.
Santo Agostinho diz que como Adão pela desobediência perdeu a si e o gênero humano, o fim principal do Filho de Deus, fazendo-se homem, foi ensinar a obediência por seu exemplo. Ele começou então por obedecer a Maria e a José desde sua infância, continuou do mesmo modo durante toda a sua vida, e obedeceu enfim até a morte infame da Cruz. E querendo nos fazer conhecer que ele tinha sempre ante os olhos a vontade de seu Pai para a cumprir fielmente, afirmou que a trazia gravada no seu divino Coração, que para salvar o homem, Jesus Cristo se submete as criaturas; e para salvar a alma, o homem recusaria a submeter-se a Deus mesmo?
Ó injúria! Deus é o Senhor de todos as coisas, pois ele tudo criou; todas as criaturas lhe obedecem, os céus, o mar, a terra, os elementos, os animais irracionais; o homem, a criatura mais amada e favorecida de Deus, não lhe quer obedecer; não teme perder a graça divina! No momento da tentação, o pecador ouve a voz de Deus que lhe diz: Meu filho, não te vingues; evita esse prazer infame; restitui esse bem que não é teu. Mas pecando, o desgraçado lhe responde: Senhor, não quero vos obedecer…
Bem longe de usar semelhante linguagem, o discípulo do Sagrado Coração se esforça por imitar seu divino modelo, cumprindo os mandamentos de Deus e as ordens de seu superior legítimo. Não procura sequer saber a razão do mandamento, porque, isto; diz S. Bernardo, seria o sinal de uma vontade imperfeita. Assim é que o demônio tentou a Eva, e conseguiu faze-la prevaricar; começou por lhe perguntar porque Deus lhes tinha proibido comer de todos os frutos do Paraíso terrestre. Eva não teria caído no pecado, se imediatamente houvesse respondido: Não nos pertence examinar o porque; nossa obrigação é obedecer. Mas a desgraçada se pôs a considerar o porque, e esta foi a causa da sua desobediência.
O que torna perfeita a obediência, é a simplicidade do coração; o Apóstolo no-lo afirma: Obedecei na simplicidade de vosso coração. Eis aqui como o divino esposo ensina esta perfeita obediência a sua esposa: Se tu ignoras, ó alma cristã, quanto podes ser cara ao meu coração por tuas obras, dir-te-ei: Sai de si mesma, e segue os passos dos rebanhos. (Can 1,7) Vê como são obedientes as ovelhas a seu pastor: elas não perguntam porque são levadas para tal lugar e a tal hora, porque as levam depressa ou devagar; obedecem a seu pastor sem replicar. Oxalá nos faça obedecer deste modo o amor ao Coração de Jesus.
Prática
Não deixarei passar um dia sequer sem rogar ao Coração obediente de Jesus a graça de obedecer com prontidão, exatidão, alegria e simplicidade, a tudo o que me é ordenado por meus superiores legítimos, como o Papa, o bispo da diocese, meus pais, meu confessor. Este é também o verdadeiro meio de achar a felicidade e a paz da alma.
Afetos e Súplicas
Amabilíssimo Jesus, abrasado de amor para com as almas, compreendo a ingratidão dos homens para convosco; vós os amais, e eles não vos amam; vós lhe fazeis bem, e eles vos desprezam, vós quereis lhes fazer ouvir vossa voz, e eles não vos escutam; vós lhes ofereceis graças, e eles as recusam. E eu, meu Jesus, uni-me outrora a esses ingratos para vos ofender assim! Mas quero corrigir-me, quero reparar durante o resto de minha vida os desgostos que vos dei; farei quanto puder para vos agradar e satisfazer. Dizei, Senhor, o que de mim exigis; decidido estou a tudo cumprir sem reserva; fazei-me conhecer vossa santa vontade, por meio da santa obediência; espero executá-la fielmente.
Meu Deus, prometo-vos firmemente que de agora em diante não desprezarei a mínima coisa que me pareça ser de vosso agrado, ainda que necessário me seja perder tudo o que tenho de mais caro, pais, amigos, honra, saúde e até a vida. Perca-se tudo, contanto que sejais satisfeito. Feliz a perda a que padecemos, quando sacrificamos tudo para contentar vosso Coração, ó Deus de minha alma! Eu vos amo, ó Soberano Bem, infinitamente mais amável que todos os bens! E amando-vos, uno meu pobre coração a todos os abrasados corações dos Serafins, ao Coração de Maria, enfim ao vosso Coração. Eu vos amo com todas as minhas forças, e só a vós quero amar, quero amar-vos sempre, e sempre a vós só.
Oração Jaculatória
Ó Coração de Jesus, abismo de misericórdia, fazei que este dia seja o de minha inteira conversão.
Exemplo
No mês de Junho de 1873, uma donzela, chamada Luzia, de idade apenas de dezoito anos, desejava muito ir em peregrinação a Paray-le-Monial. Sua mãe facilmente lhe teria dado a permissão; não assim seu pai, homem afastado de toda prática religiosa. Luzia, com a idade percebeu isto, e perguntou à sua mãe o motivo.
Um dia enfim, esta lhe declarou, com as lagrimas nos olhos, que seu esposo fazia parte duma sociedade secreta chamada maçonaria. A esta nova, Luzia se pôs a chorar, exclamando:
«Como! Meu pai é maçom! Meu pai é excomungado! Ah! Necessário é que roguemos ao Coração de Jesus sua conversão, e para mais facilmente a conseguirmos, faremos que papai nos acompanhe a Paray.»
A partir deste momento, Luzia não desprezou coisa que pudesse contribuir para realização do seu projeto. De tempos a tempos, falava do desejo que tinha de ir ao santuário do Coração de Jesus. O pai respondia que ela podia ir em companhia de sua mãe.
“Esta permissão não me basta, respondeu; é necessário que vades também conosco.”
Esta piedosa filha fez tudo o que pôde para esclarecer o espírito daquele a quem ela amava tanto; arranjou-lhe até um autor solido, no qual eram desvendados todos os criminosos projetos da maçonaria. Com esta leitura, este homem, dotado de coração reto, compreendeu que se tinha deixado filiar, sem conhecimento de causa, à urna seita abominável. Mas que fazer agora? Poderia romper seus juramentos sem perigo? Neste entrementes, os jornais anunciaram que muitos deputados chegariam dentro em pouco a Paray. Luzia exclamou logo:
“Oh! Que belo dia para irmos a Paray! Papai, como seríamos felizes se quisésseis ir conosco!”
O pai consentiu enfim a ir também em peregrinação, e deixou que lhe pusessem no vestuário um Sagrado Coração bordado. A vista dos deputados levando sobre seu peito a imagem do Sagrado Coração, e a piedade que mostraram no santuário de Paray, comoveram profundamente o maçon. Além d'isto, desde o momento em que ele começou a trazer sobre seu peito a imagem do Coração de Jesus, sentiu-se impelido para Deus por uma influência irresistível.
Uma voz não cessava de lhe dizer no fundo da alma: «Confessa-te e comunga.» Ele bem desejava fazê-lo sem demora, mas teve que esperar até que o padre a que ele se dirigira recebesse do bispo o poder de o absolver da excomunhão em que incorrera. Chegado o momento, deixou sua família, alegando-lhe que ia ver um amigo. Quando voltou, estava tão alegre, que Luzia exclamou: “Papai, como pareceis contente! — Realmente estou, respondeu: tudo o que vemos aqui é belo!
Na tarde do mesmo dia, ele perguntou a Luzia:
— Minha filha, comungas amanhã?
— Sim, papai, comunguei hoje, comungarei amanhã; comungaremos, minha mãe e eu, todos os dias que estivermos aqui.
— Pois bem! Iremos juntos: eu também quero comungar.
A estas palavras exultaram os corações de Luzia e sua mãe, as quais, exclamaram derramando lagrimas de jubilo: «Quanto é bom o Coração de Jesus! fomos ouvidas!» e pondo-se de joelhos, repetiram de novo em voz alta: «Coração de Jesus, sede para todo sempre louvado, amado e adorado! — Sim, tornou o pai a seu turno, sim, amor ao Coração de Jesus! Ele triunfou.»
No dia seguinte, tanto elas como ele foram comungar, e saíram do divino banquete com a alma inebriada das mais doces consolações que é possível gozar na terra. Quão grande poder tem no coração dum esposo e dum pai a piedade e o zelo duma esposa e duma filha!
(Propag. da dev. a S. José.)
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